sexta-feira, 13 de julho de 2012

Gente


Uma das instituições de Águas Claras certamente é a relação patroa-empregada, também conhecida como relação ajudante-ajudada, assistente-assistida, secretária-chefe ou quais outros nomes que vocês achem mais politicamente corretos. Na verdade, não sei nem mesmo se vou falar dessa relação, pois minha experiência se limita a uma vez por semana, quando a abençoada da F. vai até lá em casa, cozinhar, arrumar e passar, que lavar ainda é por minha conta, pois tenho um sistema muito sofisticado (pra não dizer neurótico) para separar roupas por cor e tipo e para programar a máquina.

Provar que a tal relação é uma instituição em Águas Claras é fácil. Basta olhar pela janela, lá pelas 7 da matina, e observar a legião de empregadas domésticas que acorrem, para cuidar de nossas casas e de nossos filhos, enquanto nós mesmos debandamos para o Plano, a fim de bancar nossa vidinha classe-média.

Quando as observo pela janela, misturadas com os operários e porteiros que também chegam (e partem, lá pelas 5 da tarde, depois de terem ficado mais tempo no nosso prédio ou na nossa casa do que nós passaremos, naquele dia),  fico imaginando essas vidas tão próximas à minha, em termos “espaciais”, mas tão distantes, em termos de realidade, de experiências. Não quero poetizar a pobreza, mas gosto de observar o estilo e de ouvir as histórias, principalmente as da F., que é fiel escudeira e já acompanhou muita água que rolou na minha vida – e que já compartilhou comigo muita coisa da vida dela também.

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