segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Beira-Poeira

À noite, estreei a Região Beira-Mar, digo, Beira-Poeira de Águas Claras. Para quem não conhece, refiro-me àqueles barzinhos todos que se enfileiram atrás do Pirata’s e do Poizé, na maior vibe praiana – sem a praia, evidentemente.  
Mas praia é um detalhe, pois não?
Fizemos um tour por ali. No primeiro bar onde atracamos (acho que é Adega da Cachaça ou algo parecido), a cerveja estava gelada, a comidinha bacana,   mas as cadeiras... cristorredentor, o que são aquelas máquinas de tortura?
Deslocamos o navio (para manter as metáforas marítimas, certo?) para o bar do lado, um que se chama Sport-alguma-coisa. Nossa, que diferença, as cadeiras! Nunca pensei que o lugar onde instalamos o traseiro pudesse ser tão determinante na felicidade-do-beber, mas, acreditem, do nada comecei a achar tudo melhor, mesmo depois de perceber que o Sport-alguma-coisa era tipo um grande buraco negro dos cardápios: a senhora quer um caldo? Tem coentro. Quer uma Original? Não trabalhamos. Quer uma linguicinha apimentada? Está em falta. Quer o garçom? Tá ocupado.
Nem mesmo os bares são perfeitos.
(Bares imperfeitos à parte, foi uma noite super gostosinha, o que só prova o valor de uma boa companhia.)

Campanha "diga não ao coentro"

No restaurante, só não passei melhor porque detesto coentro e, em  lugares novos, sempre fico bem boladinha e coloco bem pouco, esperando encontrar o famigerado no feijão, no arroz, no macarrão ou em todos os outros pratos em que as pessoas dessa terra brasiliense enfiam a ervinha-do-cão, “pra dar mais sabor” (no peixe, eu já não suporto, imaginem na feijoada? Blergh!!!).
 Da próxima vez, vou me acabar de verdade, pois, no tal Fogão Goiano, eles não usam coentro (viva!),  a comida é super gostosa e o preço, honesto.
Recomendo.

Jabuticaba na beira da estrada

Tive um fim-de-semana cheio de explorações no território encantado das Águas Claras. No sábado, fomos almoçar num tal de Fogão Goiano, que fica no Guará.
Pra começar, amei o passeio de carro. Adoro ir de carona, vendo o movimento, sem o menor estresse. Desconfio que, na verdade, sou um poodle disfarçado, daqueles que adoram colocar a carinha para  fora do carro, pra sentir o vento. No começo, até me concentrei, tentando entender como chegar no Guará em apenas 5 manobras, mas foram tantas voltas e reviravoltas que desisti e preferi mesmo é curtir o vento e o fato de ser livre, leve e solta e de estar prestes a  me empanturrar de  comida quase-mineira.
A propósito, durante o tal passeio, fiquei fascinada com a quantidade de caminhos e rotas e lugares que ainda tenho para descobrir em Águas Claras. Descobri que – pausa para carinha de espanto – você pode até comprar JABUTICABAS na beira da “estrada”.
Não é incrível?

terça-feira, 13 de setembro de 2011

O taxista e o jogador de pôquer

Na hora de pagar o estacionamento, um taxista , todo prosa com a moça do caixa, vira-se para mim também:
- Moça, acabei de pegar uma passageira lá no aeroporto, ela era gringa e falava assim “estróboumaiamivaiceuatisiorneime”.
Muito divertido, o cara.
 Assim que terminei de pagar meus 2 reais, ele se despediu assim: “tchau... Você não acha que eu tenho que fazer um inglês básico?”.
Falei que sim e zarpei.
Ainda na linha “desbravando o Águas Claras Shopping”, há a história do dia em que o Ivens fez amizade no cinema com um cara que é jogador de pôquer, está há pouco tempo em Brasília, quer fazer amigos, achou que meu irmão tinha uma cara assim de amigo-possível e puxou papo.
Convenhamos:  isso só acontece no Reino Encantado das Águas Claras, sobretudo se considerarmos que meu irmão não é gay e o cara, segundo as informações que obtive junto ao irmão-simpático-do-cinema, estava com um alianção no dedo.

Momento-americanas

Antes que me achem a poliana-das-galáxias, que acha tudo lindo e é um publieditorial ambulante (passo longe disso, e banco meus cremes e envios pelo correio, ok? Pensando bem... ei, moço da farmácia, você quer patrocinar  o blog? Cobrarei em cremes, tá?), tive lá meu momento-americanas.
Depois da farmácia, dei uma passada nas Lojas Americanas, pra ver se achava cabides, mas só achei dos vagabundos, nível avançado.
Antes que alguém me diga “também, você quer qualidade nas Americanas?”, devo dizer que já achei uma ou outra coisinha boa por lá.
Não foi o caso.
Antes de zarpar para o próximo post, uma reflexão:
“Por que as Americanas são tão abafadas?”
Mais uma dúvida:
“Americanas não utilizam ar-condicionado nem ventilador?”
Para terminar, mais um questionamento:
“Pobre não sente calor?”

Vila feliz

Na farmácia, fui atendida pelo dono (por que é que eu acho que ele é o dono? Ah, talvez porque tenha um ar assim meio assertivo? Puxa, não sei responder, mas era o dono, um dos sócios ou um empregado muito antigo, que sabe tudo e dá ordens para os outros).
Confesso que passei na tal farmácia só para dar uma olhadinha, pois farmácia de shopping já carrega em si todo o dom de ser careira, certo? No caso, por incrível que pareça, não ocorreu isso, e acabei levando inclusive um dos cremes que utilizo. Esse creme  custa assim uma fortuna e o preço no estabelecimento (usei a palavra estabelecimento pra não usar mais o termo “farmácia”. Ops, usei de novo!)   estava super dentro da faixa que costumo pagar, ou seja, os olhos da cara (e olha que os meus são azuis) e nem um centavo a mais, o que significa que comprei ali mesmo, que não sou louca de ir procurar outra farmácia, andando pelo asfalto empoeirado, neste calor senegalês que tem feito em Brasília.
Na saída, o dono gritou um “tchau” e eu acho que tenho andado carente, pois achei fofo e me senti assim a habitante de uma vila feliz, chamada Águas Claras, que tem 15 habitantes, que se conhecem e se cumprimentam todos os dias .

E a ginástica laboral?

Vencidas as barreiras do “desculpe o incômodo, estamos trabalhando por você”,  fui resolver a vida.
Gosto do shopping, principalmente assim na terça-feira, bem vazio, pois posso exercer meu esporte predileto, que é observar pessoas. No caso, pessoas que trabalham ali e, num dia moroso como esse, baixam a guarda e se transformam, olhem só que diferente,  em pessoas, individualidades autônomas, e não maquininhas de realizar procedimentos.
Sabe aquela sensação que quem vem do interior sabe bem qual é, de estar assim numa cidadezinha pequena, em que todos se conhecem e você vai ali no correio e depois à  farmácia e ainda bate um papinho com o taxista? Pois, acreditem vocês ou não, foi exatamente o que fiz.
Nos Correios, o atendente me sugeriu trocar o envelope por uma caixa, que ficaria mais seguro. Depois, dobrou por horas a tal da caixa (obrigada pela paciência, Sr. Funcionário dos Correios), enquanto a colega ao lado se esticava e dizia, bem tranquilinha:
- Ei, Fulano, bem que a gente podia ter ginástica laboral, né não?
Enfim, nota 1000 pra a agência do shopping (pelo menos por enquanto, né? Dizem que a gente não pode elogiar): funcionários antenados com saúde ocupacional e interessados nos clientes.

Mar de obras

Numa terça-feira,   Águas Claras Shopping. Missão: correios e farmácia.
A primeira impressão é a de sempre, quando se trata de Águas Claras, ou seja, a de navegar num infindável mar de obras. Agora, até no estacionamento do shopping permanece essa sensação de que é preciso estar atenta, pra descobrir pra que lado levar o carro, por qual guarita passar, no improviso dos tapumes e cones por todos os lados.
Imagino, aliás, que me tornarei uma daquelas velhinhas sábias, que narram para os netos coisas como “isso daqui era só poeira e cimento, e ali não era estacionamento e o shopping não tinha todas essas 999 mil lojas e a gente inclusive não tinha nenhum posto de saúde e nenhuma escola pública aqui na cidade”.  Eles então vão esbugalhar os olhinhos e dizer:
- Não é possível, vovó! Sério? Nenhuma árvore?
E eu vou fazer um cara de “juro que é verdade” e eles vão honrar o quanto minha vida foi sofrido e o quanto batalhei e...
Bem, prossigamos no próximo post, ok?

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Alegria de uns...

O prédio comprou um sofá para ficar ali, na entradinha (qual é mesmo o nome chique de “entradinha do bloco”?). Não acho que ele seja lá essas coisas, mas gostei da ideia, eu e os adolescentes, que antes se reuniam no playground, passando pela humilhação de conviver com todos  aqueles menininhos e menininhas subindo e descendo do escorregador, e agora se jogam no sofazão confortável.
A galerinha do tipo-assim foi, dessa forma, promovida.
Agora, eles têm privacidade e ficam ali, fazendo barulho na cabeça do porteiro, que nem pode ver a novelinha dele sossegado.
Ah, como tudo é mesmo muito relativo... Para o porteiro, amolação. Para os adolescentes, promoção.
Ah, a relatividade.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

O Estranho Caso do Viaduto

Os universitários presentes ao recinto poderiam dar as coordenadas geográficas corretas, mas, quando a gente vem pela EPTG, tem a opção de entrar em Águas passando por baixo de um viaduto (o nome dele é Israel Pinheiro?). Toda vez que passo por ali, penso em como um ENGENHEIRO teve coragem de assinar um projeto daqueles e em  como a educação neste País está precária e este cara não devia ter saído nunca da quinta série etc. Enfim, mas o fato é que por ali passam também os veículos de quem vai para o Parkway e há sempre um bolinho complexo de carros, que só não se batem por obra e graça do espírito santo.
Quer dizer, eles até se batem e é a história surreal de uma dessas batidas que eu quero contar pra vocês.
Estávamos eu e o Possante (preciso lavar!) parados num desses bolinhos congestionados, um pouco antes do viaduto em si, quando olho pelo retrovisor e vislumbro um outro carro a 300km/h . Só deu tempo de engatar, dar uma chegadinha para a frente e... crash!
Ah, só quem passa por ali para entender.... o burburinho dos outros carros, o estresse de quem já enfrentou toda a delícia de uma Estrada Parque e você ali, ligando o pisca-alerta, tirando o cinto de segurança  e se preparando para contar os prejuízos.
A motorista era uma senhora, que foi logo dizendo:
- Moça, me desculpe, eu me distraí.
É incrível como o corpo da gente reage. Apesar de estar relativamente calma, eu estava toda trêmula, mas consegui responder que era para ela ficar tranqüila, que era só questão de a gente trocar telefone, que não tinha sido nada sério.
Olhando bem de perto, vi que não tinha acontecido nada mesmo (bendita chegadinha para a frente!) e falei pra ela:
- Vamos embora, não amassou.
Ela estava meio desvairada e  comentou:
- Nossa, eu tou tão nervosa!
Daí, acho que nos identificamos:
- Eu também; olha só, tou tremendo.
Agora vem a parte MUITO LEGAL desse incidente: falamos “então tchau” uma para a outra e NOS ABRAÇAMOS.
É ou não é surreal, duas mulheres assim, cercadas por pisca-alertas, abraçando-se depois de uma batida em via movimentada?
Somos estranhas?
(Senhora Distraída, se ler este blog, por favor, manifeste-se, para que as pessoas não achem que eu tive uma alucinação... Aí, eu vou aproveitar para agradecer, pois sei que o abraço só rolou porque a senhora teve uma atitude gentil e equilibrada, assumindo o próprio erro e pedindo desculpas. Quando crescer, vou ser assim. )

E ninguém acredita que sou tímida...

Estou preocupada agora mesmo é com o que vou escrever. Sei lá, com tanta gente olhando, acho que fiquei  tímida.
Quando éramos só eu e o Cláudio, escrevia o que dava na telha, sem censura nenhuma. Agora, estou querendo escrever coisas sérias e profundas, mas, como já faço isso profissionalmente (tá, o que escrevo profissionalmente não é tão profundo assim, mas é cheio de escopos e termos de abertura,  processos e proposições), decidi manter  a linha editorial (oi?) tresloucada, com os  temas inúteis já previstos na nossa pauta.
Um desses temas é  O Estranho Caso do Viaduto.

Servimos bem para servir sempre

Hoje foi um dia muito auspicioso para o Em Águas Claras, pois, graças à indicação do DF-Águas Claras (que, por sua vez, encampou uma dica do meu, do seu, do nosso Cláudio Paixão), recebemos mais visitas até agora do que em semanas inteiras.
A gerência agradece e convida  todos a puxar um banquinho e a fazer companhia pra gente.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Silêncio raro, silêncio valorizado

Hoje o post é super curtinho, só pra comemorar o 7 de setembro e o DELICIOSO silêncio que fez hoje em Águas Claras.

Ah, a maravilha que é todas aquelas construtoras quietinhas, nada de caminhões histéricos e marteladas e guindastes  barulhentos.

Só a paz de uma ou outra criança brincando, de um ou outro cachorrinho latindo.

Paz.

Amanhã volta tudo ao "normal", mas, paciência, os outros também precisam morar, não é mesmo?

Daqui a uns 20 anos melhora.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Achei que era flash mob

Juro que não é lenda urbana. Do nada, enquanto a moça do caixa me cobrava os tais sanduíches, uma das atendentes da padaria começou a cantar Fio de Cabelo, de Chitãozinho e Xororó.
A situação já seria assim, digamos, pouco usual, mas aí uma cliente COMEÇOU A CANTAR também e essa, meus amigos, tinha um vozeirão e tanto!
Para completar, eu bati palmas para elas, enquanto assistia ao dueto.
Gente feliz é coisa boa de se ver (e de se ouvir), mesmo que esteja cantando "aquele fio de cabelo comprido/já esteve grudado em nosso suor".
Só acontece em Águas Claras.
(A moça do caixa então nos ajudou – a mim, aos meus sanduíches e ao meu frango – a chegar ao carro e, enquanto equilibrávamos as encomendas, ela dizia que era o jeito que o pessoal da padaria tinha para driblar o tédio de um domingo no trabalho, mas que não é comum que freguesas também se animem.
Ainda bem, né?
Já pensou se vira moda, o perigo que a gente corre?)

Agricarne

Depois do Incidente do Queijo, e de ter mais uma vez passado naquela catraca horrorosa do estacionamento do Shopping Quê, que eu nunca alcanço (baixinha sofre), fui para a Pão Dourado da Arniqueiras, buscar os sanduíches de metro que tinha encomendado. Como já era bem horário do almoço e eu estava simplesmente VARADA de fome, acabei me deixando atrair por uma dessas televisões de cachorro, que rodava deliciosamente num mercadinho chamado Agricarne, que fica bem na quadra da Pão Dourado.
O lance é que ali estavam unidos, numa conjunção perfeita, além do visual apaixonante da carne rodando e rodando e rodando, também dois elementos essenciais: o cheiro (indescritível para quem estava há umas 5 horas sem comer nada) e também uma boa e bela fila, daquelas que fazem a gente ter vontade de entrar, mesmo sem saber qual é o escopo dela (adoro esses termos nonsense da gerência de projetos). A única certeza que a gente tem, no caso, é que deve ser coisa boa, pois tanta gente não se disporia a ficar assim, no sol, num domingo, sem que houvesse algo que valesse a pena.
Enfim, teorias da manada à parte, fiquei ali, salivando ao lado de outras pessoas (no caso, todos homens, daqueles que as mulheres dispensam para a rua na hora do almoço: “vai caçar, campeão, que hoje eu não cozinho e você vê se corre atrás de um leão aí, que senão vamos todos passar fome e então ele sai arrastando a barriguinha, pra descolar um frango que tá bom demais, que ninguém merece caçar um leão em pleno fim-de-semana” etc.) . O mais estressante é que havia algumas pessoas que já tinham encomendado o tal do frango assado, e esses sortudos, então, furavam a fila e a gente ficava ali, morrendo de inveja e de vontade de estapear o indivíduo precavido.  Eu, por exemplo, quase surtei quando, chegando a minha vez (sim, que a minha vez chegou, por mais que, em determinado momento do suplício do espera-frango, eu tenha duvidado disso), o atendente me olhou com aquela cara de “eu-acredito-demais-que-você-seja-uma-pessoa-fina” e falou: “vou atender aqui o rapaz, que ele tá com uma criança de colo”.
Evidentemente, quase surtei mesmo foi por dentro, engoli em seco (no caso, não tão seco assim, em decorrência da salivação de quem estava há uns 20 minutos vendo frango girar, girar e girar) e fiz um muxoxo meio assim “fazer o quê, né?”.
Parecer técnico final: o frango da Agricarne é gostoso e eu recomendo, mas recomendo também reservar antes.

Um queijo e eu

Ontem então, na hora do almoço, passei no Comper para comprar umas coisinhas (dentre elas, copos e pratinhos  descartáveis, que eu não sou louca de lavar louça utilizada por 30 pessoas, certo?). Achei que seria legal fazer um patezinho e joguei um saquinho de queijo ralado (faixa azul, é claro, que são os melhores, #ficaadica) no carrinho.
Esperei pacientemente  na fila e, no meio do processo de passar os produtos, lá vem um cara do Comper e fala assim para a moça do caixa:
- Fulana, passe esse queijo aqui, sim?
E eu, bem passada:
-Passar?
- É... a senhora vai levar o queijo, não vai?
Só aí entendi. Coloquei os produtos e DESLOQUEI O CARRINHO para o lado de fora. Acontece que, nessa de colocar produtos e tirar o carrinho do meio do caminho, a porcaria do envelope de queijo ficou no fundo e o gerente ou sei-lá-o-quê viu o que eu não vi, ou seja, já imaginei as sirenes tocando e uma equipe do Bope entrando pelas portas do Comper, com o Capitâo Nascimento  berrando bem alto:
- Muito bonito, Dona Issana, querendo comer queijinho de graça, hein?
- Que coisa feia, logo a senhora, com essa carinha de boa moça!!
Ai, fiquei tão constrangida. Saí prometendo pra mim mesma nunca mais voltar, mas depois a ficha caiu que era (mais uma) demonstração de orgulho. Prezo tanto a honestidade que procuro ter na vida que gosto de ser meio a mulher de César e PARECER também  honesta, de modo que fiquei incomodada de que tivessem pensado que eu queria muquifar o famigerado queijo. Enfim, deixem que pensem o que quiserem, não é mesmo? Eu e minha consciência sabemos que foi mesmo distração.
Segundo o Ivens, com essa minha cara de professorinha da 4ª série, eles não devem ter pensado nada, mas eu fiquei tão sem-graça...
P.S.: tanta luta e... decidi não fazer o tal patê, de modo que a prova do crime ainda está lá em casa, junto com a tonelada de comida que sobrou .

Fazendo um social

Ontem, recebi  alguns amigos em casa. Foi a primeira vez, pois fui adiando ad infinitum, esperando que as coisas ficassem do meu jeito, leia-se, esperando ter grana para decorar pelo menos a sala. Como isso não ocorreu, decidi que era puro orgulho (e por que a casa da Dona Dondoquinha tem que ser a mais decorada do universo, pois não?),  que estava perdendo a chance de ser feliz, esperando a mesa de jantar dos meus sonhos, e recebi o povo do Centro para um Evangelho no Lar. É claro que foi uma experiência fantástica, que eu fiquei pensando por que não fiz antes e que jurei para mim mesma repetir várias outras vezes, incluindo amigos de outros círculos (tá, não existem tantos outros círculos assim, mas há pelo menos o do trabalho, certo?), ainda que definitivamente seja necessário ter estômago de ferro, pra encarar umas 20 pessoas espalhadas pelo chão da sala, pois você simplesmente não tem cadeiras suficientes para recebê-las.
Mas tergiverso (sempre quis usar essa palavra!) e o que quero mesmo contar são minhas peripécias para organizar o tal  “evento”, pois todas essas peripécias foram realizadas no meu, no seu, no nosso fantástico Reino das Águas Claras.
A primeira história vem a seguir e poderia se chamar “Memórias da Caloteira do Queijo”.

sábado, 3 de setembro de 2011

Sandu-bão

Depois do centro, fizemos um lanche no Miquéias. Senti falta das barraquinhas e barraquinhas improvisadas e tosquinhas  que se sucediam por ali, mas a lanchonete até que quebrou bem o galho. Mandei pra dentro um X-Tudo de frango tão imenso que nem dei conta de tudo.

Ainda bem que havia um xóven do meu lado, que, obviamente, não deixou sobrar nem um pedacinho, nem do dele nem do meu.

A propósito, Taguatinga é uma cidade bem legal de frequentar, principalmente quando o assunto é consumo, pois o custo de vida me parece bem mais baixo que o do Plano  Piloto ou de Águas Claras mesmo. Fora que tem uma cara mais assim de cidade brasileira, fugindo do visual maquete do Plano ou da verticalidade de Águas.

Enfim, me lembra vagamente Três Corações e dá pra matar um pouquinho a saudade.

Centro Espírita em Águas Claras

Uma das grandes ausências em Águas Claras é de um centro espírita. Apesar de morar bem próximo a instituição de ensino espírita, não há um grupo assim à mão (pelo menos, não que eu tenha conhecimento), o que, para mim, não é assim uma perda irreparável, pois já sou meio integradinha a uma outra instituição de Brasília, que fica no Plano, mas com a qual me identifico bastante.

Para quem, entretanto, está em busca de um lugar legal,  como a Aline, sugiro o Centro Espírita Batuíra, que fica em Taguatinga, super próximo à antiga Rua dos Lanches. De vez em quando, faço uns estudos por lá e a impressão que tenho é ótima. Hoje mesmo foi um desses dias felizes: recebo taaanto carinho, o ambiente é tão gostoso, que só posso recomendar.




quinta-feira, 1 de setembro de 2011

De Águas para o Plano - a jornada

- Preciso lavar este carro.

- Uai, o controle não tá funcionando? Opa, funcionou.

- Bem que esse cara podia ter me deixado passar, né? Apressadinho...

- Que rua esburacada do caramba!

- Isso não é um quebra, é um arrebenta-molas.

- Mas o que é que esse caminhão tá fazendo ocupando a pista toda???

- Até que a EPTG não tá tão cheia hoje.

- Ops, radar. Vamos diminuir, Issana, vamos diminuir.

- Esse aí não tá dirigindo, tá é voando. Caraca!!

- Mas eu não acho uma rádio decente, meudeusdocéu!

- Engarrafamento no Sudoeste. Pra variar.

- Lálálálálálálálálálálálá.

- Que calor!

- Ops, andou 5 metros.

- Eca, o cara do lado tirou mesmo meleca do nariz? Que nooojo!!

- De onde é que esse infeliz surgiu?

- Ops, radar de novo.

- Hoje eu vou fazer isso, aquilo e vou ver aquela planilha e vou dar andamento naquele processo e, nossa, já tava esquecendo daquela reunião e logo hoje que eu vim sem salto...

- Por que é que eu pego todos esses sinais do Eixo?

- Lá se foi o sinal do rádio, tou passando na Torre.

- Esse cara do ônibus acha que é dono da pista???

- Lálálálálálálálálálálá.

- Como tem sinal essa W3. Preciso aprender outro caminho.

- Droga, minha unha lascou.

- Que tartaruga é essa na minha frente, cristorredentor???

-  Graças a Deus, tou chegando.

- Preciso lavar este carro.

"Da janela lateral/Do quarto de dormir..."

Do janelão da academia do prédio, acompanho há meses o surgimento de dois espigões. Distraí-me por algumas semanas e hoje levei um baita susto, ao vê-los já quase totalmente pastilhados: um é branco e vermelho e outro, branco e azul.

No ritmo em que eles se finalizam, daqui a poucos meses já haverá famílias morando ali. Como  sou fascinada por gente e suas histórias, então é um prato cheio um prédio desses, vislumbrado enquanto mato o tédio dos quilômetros a percorrer na esteira (ratinha em teste de laboratório, é assim que me sinto) e conto os aviões que passam pelo céu, já em processo de aterrissagem.

Não me achem (muito) esquisita, mas sou assim, contemplativa. Não foram poucas as vezes em que fiquei, estirada na rede, olhando as luzes acesas do prédio láááá na frente (e que tem uma linda cobertura, a propósito), imaginando que cada luzinha dessas é alguém que chega, alguém que se ocupa, alguém que tem uma história única e intransferível, que eu adoraria ouvir.

E, antes que me perguntem, já respondo: não, eu não tenho binóculos. Fiquem tranquilos.


E não é que tem quem goste do transporte público em Brasília?

É fascinante perceber o quanto a diversidade nos cerca. Os olhares e as possibilidades trazidas por esses olhares são múltiplos, e não podemos desconsiderar nenhum deles. Acontece que, de modo geral, nos cercamos de gente que pensa como a gente e criamos, em torno de nós, uma zona de conforto que reverbera nossas opiniões. Assim, o contato com quem pensa diferente, muitas vezes, dá mesmo é vontade de sair correndo (pra não dizer sair dando uns murros...).
Exemplifico (não a vontade de dar uns  murros, mas a perplexidade diante de quem pensa diferente). Acompanhem a conversa, cujos detalhes de tempo e lugar não posso dar, para não expor ninguém, mas devo dizer que não era ambiente de trabalho e que o interlocutor era um macho-alfa bem mais velho.
Não sei por que cargas d’água, começamos  a discutir o transporte público em Brasília e eu lasquei um “nunca vi um sistema viário tão precário como o daqui” e então ele:
- Ah, mas é aí que você se engana. Você sabia que Brasília tem a maior frota de veículos do Brasil?
Continuei fazendo cara de interessada. Isso eu não sabia mesmo, então ele se sentiu estimulado a continuar:
- O problema é que Brasília não é capilarizada e os trajetos são imensos; uma pessoa pode pegar um ônibus no Lago Sul e parar lá em Ceilândia, com uma tarifa que não cobre os gastos.
Eu fiquei sem reação.
Como comentar, sem ser indelicada,  que há pessoas ficando milionárias com esse transporte de frota imensa (oi? Só se for de latas velhas!) e que não “cobre os gastos”? Como descrever a sensação de quem, como eu, pega metrô lotado ou já ficou mais de 2 horas esperando uma furreca veia dessas, naquela rodoviária  feia e suja do Plano Piloto?
Como? Era como uma marciana tentando explicar a lógica das viagens interplanetárias a um chinês da Manchúria.
Impossível,  de modo que continuei a balançar a cabeça, usando o milenar método feminino de parecer uma aprendiz iniciante, que não tem muito a dizer sobre o tema,  enquanto na verdade o que acontece mesmo é que se sente uma profunda vontade de emitir um redondo e sonoro “calaboca”.