segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Série "Águas Claras - um novo jeito de morar?" - Parte I


O post de hoje foi inspirado em um comentário da Sabrina, que transcrevo a seguir, e na História da Rebeca, que está, junto com o noivo, vendo apartamentos aqui em Águas Claras:

Lendo o que você escreve sobre a sua vida em Águas Claras dá a maior vontade de morar aí!! =]

Vamos chamar esta série então de “Águas Claras: um novo jeito de morar?”:

Dica 1
Muito cuidado ao procurar apartamentos, principalmente se a ideia for  comprar,  e não somente alugar (do aluguel de um apartamento fuleiro, a gente consegue fugir, depois de um ou dois anos de contrato. Agora, da hipoteca na Caixa, iiihhh, a gente leva mesmo é uns bons 30 anos para se livrar...). Existe MUITA BOMBA por aqui. Há dois anos, quando procurava o meu, encontrei de um tudo: prédios cuja garagem se alaga COMPLETAMENTE (eu digo alagar no sentido de subir até quase o teto; coisa sinistra mesmo!) no período de chuvas, prédio de apenas 2 anos,  já com infiltração e paredes trincadas (medo, muito medo), empreendimento sem “habite-se” há mais de 10 anos. Num desses lugares, pra vocês terem uma ideia, quando subimos eu, uma amiga e o corretor, em pleno sábado de manhã, encontramos uma moça subindo as escadas com DOIS BALDES nas mãos: “é que aqui costuma faltar água”. Foi a maior torta de climão, o pobre do corretor se justificando com o clássico “isso nunca aconteceu antes e eu não sabia e eu ia avisar vocês e sou muito confiável e não desistam de mim, que o apartamento é lindo e quem é que precisa mesmo de água?”.

Muito cuidado mesmo, moçada.


Dica 2
Aliás, o exercício de comprar um apartamento é mais uma daquelas atividades pirantes que fazem a gente achar que seria melhor não ter nenhum livre-arbítrio na vida, de tão difícil que é se decidir por isso ou por aquilo. A dica que me vem à cabeça é uma só: conheça-se, do jeito mais socrático possível, pois, pra conseguir pirar um pouco menos do processo, você precisa ter muita clareza sobre quem é, sobre o que quer, sobre o que tem para gastar, sobre quais são suas prioridades. Vou dar um exemplo: uma vez, fui ver apartamento com uma amiga. Pensem numa área de lazer DOS SONHOS. Tinha até palmeira, bar molhado, um resort mesmo. Quando a gente foi para a “área individual”, meudeusdocéu, que coisa precária! Tudo de quinta categoria, apertado, sufocante. Para terem uma ideia, era um apartamento de DOIS QUARTOS (não era uma quitinete), mas sem espaço na área de serviço para colocar máquina de lavar. Tipo você é casado, tem um filhinho (dois quartos pressupõem um pouco isso, de pelo menos serem 2 pessoas, não? Eu, pelo menos, acho) e NÃO PODE LAVAR A ROUPA EM CASA, tem que colocar as roupas sujas numa bacia, colocar um pano na cabeça e ir para a beira da piscina,  “bater-as-roupa-tudo-no-porcelanato”.

Tome muito cuidado com papinho de corretor, que vai querer por toda sorte convencê-lo de que existe “um novo jeito de morar” e de que você vai curtir demais aquela piscinona, aquele fitness center, aquela quadra de squash dos sonhos, sendo que, como sabemos, na verdade você só vai descer um ou duas vezes, no primeiro mês, pra “estrear”, e nunca mais vai aparecer por ali.  No meu entendimento, área válida é área da porta pra dentro, é conforto interno, é não se encaixotar em 5 metros quadrados, é poder RESPIRAR. O resto é firula e maquiagem.

Num outro dia desses, a gente continua a conversa, tá? Agora eu tenho que tomar banho e voltar para o batente, digo, para a redação das minhas aulas do Ponto

sábado, 25 de agosto de 2012

Vida boa


Tarde em Águas Claras. As construtoras finalmente param. Está frio,  os pães estão velhos, há crianças passando fome na África, e é o momento de fazer uma torradinha, não só para matar a fome, mas principalmente para nos ocupar em uma tarefa conjunta (que não seja a que já realizamos, mas sobre a qual prefiro manter a discrição). Enquanto cortamos os pães, regamos com azeite, salpicamos o orégano e ligamos o forno, vamos falando da vida e das nossas histórias.

Quando nos damos bem, é incrível como a conversa flui, não é mesmo?

Finalmente, as torradas ficam prontas. A noite começa a baixar. Cláudio se lembra de que, se não temos geleia, podemos nos virar com o melado, que está ali, esquecido numa prateleira, melado bom de Cabeceiras, “exclusivo”, que a gente pode morrer de procurar, mas não encontra fácil, pois não é industrializado nem “globalizado”.

Ficamos sentados à bancada, por uns bons minutos, apreciando o melado “de raiz” e as torradinhas ainda quentes.

A vida pode ser boa.

Basta ter olhos de ver.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

É noite no Reino das Águas Claras


Quinta-feira, quase 10 horas da noite. Paramos o carro num daqueles estacionamentos que beiram o Parque. Percebemos que há um movimento, o cheiro de churrasquinho está ótimo, estamos com fome  e decidimos experimentar.

A estrutura é quase profissional e o negócio se chama "Espetinhos dos Amigos": bancos e cadeiras de plástico, comanda personalizada, vinagrete e feijão tropeiro devidamente acondicionados, pessoal uniformizado, cardápio estilizado.

A noite está fria, mas decidimos ficar – e não nos arrependemos.  Penso no quanto somos abençoados por viver aqui: o céu estrelado, o Parque do lado, os prédios do outro,  pessoas queridas por perto...

E por falar em pessoas, e não é que o Cláudio achou mais um conhecido da mítica Monte Carmelo, exatamente ali, às dez da noite, numa barraquinha de churrasco de Águas Claras? Ele ficou gritando “Fulano!” e dizendo “Acho que ele é lá de Monte Carmelo” e eu respondendo “Não é não, imagine, Monte é tão pequenina, Águas Claras também não é gigante, como seria isso etc e tal”, mas era mesmo o Fulano, e eles mataram saudades e falaram do quanto estavam encantados por se encontrar ali, em condições tão, digamos, peculiares.

Enfim, senti muita paz por ali (e pensar que, no mesmo dia, alguém foi baleado, dentro de uma padaria da cidade...) e quero voltar mais vezes, talvez até a pé, para aproveitar um pouco a noite – se as condições de segurança permitirem, é claro.

Deus livre o nosso Reino das Águas Claras da violência e da agressão. Que possamos continuar a viver sem medo e a aproveitar as noites, sejam elas frias ou quentes. Amém. 

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Piratas Bar



A primeira impressão do local não foi das melhores. Era final de 2009 (ou início de 2010, não lembro com detalhes) e o movimento era intenso. Éramos 3 amigas, num sábado à noite, e até dá pra entender um pouco do sufoco da “hostess”, que nos enfiou numa mesa bem lá dentro, cercadas de famílias fofas e seus lindos bebês. Timing imperfeito, eu diria: nosso objetivo certamente não era ficar ali, naquele climão de pizzaria. Voltamos até ela, que nos disse “é melhor vocês ficarem por lá mesmo, que é muito difícil conseguir mesa”. O que fizemos? Juntamos nossos trapinhos e fomos caçar nosso rumo que, no caso, foi o All Dublin. Por lá, ficamos numa mesa ótima, tomamos nosso chopinho, a amiga pôde fumar à vontade e não nos sentimos “persona non grata”, que deveria levantar a mão pro céu, por ter conseguido uma mesa. 


Voltei outra vez, em meados do ano passado, para experimentar a feijoada, que o Ivens havia comprado um cupom. Achei a feijoada sem sal, ainda que bastante generosa. Os itens ficam separados em caldeirões apetitosos, a caipirinha é na faixa (pelo menos, era) e só faltou um titiquinho de sal, coisa fácil de se resolver. Em todo caso, não sei se voltaria, no preço inteiro, correndo esse risco... 



No último mês, entretanto, estive por lá novamente (agora, em novo “estado civil”), e a impressão melhorou muito. Primeiro, já tínhamos mesa, devidamente guardada por alguns amigos (oba!). Depois, havia uma promoção interessante: até as 21 horas ( terça-feira gooorda!), pagando 30 reais, você pode beber à vontade (modo encher-a-cara ativado!). Fora isso, experimentei um delicioso escondidinho de carne-seca, por indicação do garçom. Cláudio pediu uma porção de linguiça calabresa, que não achei assim uma brastemp, mas ajudei a comer também, que aqui o sistema é bruto e a gente curte altas aventuras e muitas confusões.



Foi uma noite agradável e eu acho que melhorei um pouco meu conceito sobre o lugar.



Nada como um dia atrás do outro...


                                                                                

sábado, 4 de agosto de 2012

O Bahamas


Não costumo escrever aos sábados, mas, enquanto lido com a ideia de não ter conseguido fazer o mítico biscoito de polvilho da minha mãe (tentaremos na próxima... afinal, “retroceder, nunca; render-se, jamais!”), não resisti em dar uma passadinha pra  falar do Edifício Bahamas.  

Bahamas não é um prédio descolado, com mesinhas com guarda-sol numa área aberta, onde clientes finos saboreiam um café, enquanto leem seus livros de filosofia existencialista. Bahamas também não é um recanto de mesas modernas e jovens de cabelos esvoaçantes, que bebem seus drinques sofisticados. Bahamas passa longe  de ser uma loja de departamentos bem-iluminada e higienizada, com as peças da última coleção etiquetadas em promoções incríveis.

Bahamas é um prédio baixo, pintado de azul-marinho forte, localizado entre o Walmart e a Avenida Araucárias. Nele, você pode fazer coisas incríveis e poderosas, como comprar cartolina, glitter e lantejoulas coloridinhas, além de umas boas folhas de cartolina, para sua atividade evangelizadora. Pode comprar elastano  por 1 real no armarinho (siiiiiiiiiim, meus amigos, eu não falei que o lugar era incrível???? Eles têm um armarinho inteiro, com senhoras fazendo tricô  na porta e donas meio surdas). Pode comprar frango assado (o cheiro disso, eu vou te contar...). Pode fazer unha em salões minúsculos, de portinhas estreitas. Pode comprar um amolador de facas e trocar as chaves. Ah, e mais importante ainda: pode finalmente levar o saco de roupas que estão por reformar, para uma costureirinha ajeitar o fecho e fazer a barra da calça.  

Por lá, você pode tomar aquelas pequenas providências que, na nossa vida classe mediazinha, são tantas vezes tão difíceis de fazer andar.

 Você pode, enfim, fazer a pé o movimento de tocar sua vida.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Bolos do Flávio


Sou simplesmente apaixonada pelo conceito de negócio da “Bolos do Flávio”. Trata-se de uma loja simples, minúscula: um balcãozinho, duas ou 3 atendentes e, o mais importante, um produto de primeira, vendido a bom preço, para atender a uma necessidade real, quer dizer, para atender uma necessidade que a gente nem imaginava que tinha.

Sabe quando você tinha 9 anos e assistia à Lagoa Azul a tarde inteira e, lá pelas 4, um cheiro incrível invadia a sala e você descobria que sua mãe tinha feito bolo? Então, quando você toma lugar em frente ao balcãozinho, o primeiro sentido atingido é o do olfato, e é inevitável que memórias da infância também apareçam. Daí, você começa a olhar a estufa (oi?) e vê ali expostos bolos de todos os tipos: grandes, pequenos, com cobertura, sem cobertura. Depois, olha o cardápio e fica difícil decidir: as opções são mesmo MUITAS e o preço é super amigável (8 reais o bolo simples, 12 reais o mais cheio de coisinhas). Basta agora então esperar a sua vez (o lugar está sempre cheio), pegar o carro, chegar em casa, passar um café e experimentar uma fatia. Na verdade, este é o momento apoteótico (que rufem os tambores!), pois aí você percebe que ainda há gente honesta, vendendo produtos de qualidade, sem enfiar a faca, a fim de valorizar o produto e de glamourizar as havaianas.

A propósito, fiz a maior média com a sogrinha, levando para ela um “Toalha Felpuda”, que é de coco, bem molhadinho. O único defeito deles, na minha opinião, é não trabalharem com produtos salgados, que são sempre os meus preferidos.

Dica: Toalha Felpuda: você não se arrependerá. Se a família for pequena, peça meio bolo, que eles vendem também.

Bom para: Comer muito, Gastar pouco.