quinta-feira, 1 de setembro de 2011

E não é que tem quem goste do transporte público em Brasília?

É fascinante perceber o quanto a diversidade nos cerca. Os olhares e as possibilidades trazidas por esses olhares são múltiplos, e não podemos desconsiderar nenhum deles. Acontece que, de modo geral, nos cercamos de gente que pensa como a gente e criamos, em torno de nós, uma zona de conforto que reverbera nossas opiniões. Assim, o contato com quem pensa diferente, muitas vezes, dá mesmo é vontade de sair correndo (pra não dizer sair dando uns murros...).
Exemplifico (não a vontade de dar uns  murros, mas a perplexidade diante de quem pensa diferente). Acompanhem a conversa, cujos detalhes de tempo e lugar não posso dar, para não expor ninguém, mas devo dizer que não era ambiente de trabalho e que o interlocutor era um macho-alfa bem mais velho.
Não sei por que cargas d’água, começamos  a discutir o transporte público em Brasília e eu lasquei um “nunca vi um sistema viário tão precário como o daqui” e então ele:
- Ah, mas é aí que você se engana. Você sabia que Brasília tem a maior frota de veículos do Brasil?
Continuei fazendo cara de interessada. Isso eu não sabia mesmo, então ele se sentiu estimulado a continuar:
- O problema é que Brasília não é capilarizada e os trajetos são imensos; uma pessoa pode pegar um ônibus no Lago Sul e parar lá em Ceilândia, com uma tarifa que não cobre os gastos.
Eu fiquei sem reação.
Como comentar, sem ser indelicada,  que há pessoas ficando milionárias com esse transporte de frota imensa (oi? Só se for de latas velhas!) e que não “cobre os gastos”? Como descrever a sensação de quem, como eu, pega metrô lotado ou já ficou mais de 2 horas esperando uma furreca veia dessas, naquela rodoviária  feia e suja do Plano Piloto?
Como? Era como uma marciana tentando explicar a lógica das viagens interplanetárias a um chinês da Manchúria.
Impossível,  de modo que continuei a balançar a cabeça, usando o milenar método feminino de parecer uma aprendiz iniciante, que não tem muito a dizer sobre o tema,  enquanto na verdade o que acontece mesmo é que se sente uma profunda vontade de emitir um redondo e sonoro “calaboca”.

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