É
com muita alegria que torno a escrever para o nosso site querido. Pensei em
muitos assuntos (aliás, quero trazer de volta alguns textos, que publiquei no
blog antigo do DF Águas Claras), mas gostaria mesmo é de lembrar a todos da
nossa Campanha do Agasalho.
No
sábado mesmo, voltando pra casa com irmão e namorado, vimos uma família inteira
(pai, mãe e dois filhos bem pequenos) revirando o lixo do prédio onde
moro. Eram umas 3 horas da tarde,
estávamos voltando do almoço no Fogão Goiano (eiii, vocês conhecem? Fica no
Guará e tem uma comida super variada e gostosa, além de um preço muito
honesto), de barriguinha cheia, e a cena nos impactou.
O
negócio é que, para a maioria dos moradores da cidade (eu, inclusive), a fome é
uma abstração, um incômodo ligeiro, a ser resolvido logo ali, na próxima
lanchonete. Numa certa vez, num trabalho voluntário que fazia na Rodoviária do
Plano, vi uma criança de 6 anos devorar 3 pratos sucessivos de sopa. Naquele
momento, entendi um pouquinho o que é a verdadeira fome sem fim dos desamparados. Acontece assim com a fome, mas não é diferente
com o frio.
Vim
de uma terra muito mais fria do que Águas Claras. Acostumei-me, portanto, a
frios muito mais intensos, mas nunca me vi diante da situação de não ter no
guardarroupa (aliás, já é de si louvável o simples fato de se ter um
guardarroupa, pois não?) algo com que me aquecer. Também nunca tive que
enfrentar o frio das ruas nas madrugadas.
Acontece
que, na nossa lógica classe média, frio e fome são, como disse, abstrações, e
incorremos no erro comum da Maria Antonieta que, na França assolada pela
Revolução, sugeriu ao populacho que se
virasse com brioches, já que não tinha pão. Ora, como é que alguém pode não ter
o que comer hoje à noite? Não trabalharam? Isso é possível, nos tempos dos
bolsa-miséria? Como assim, alguém não vai ter um cobertor hoje à noite para se
proteger do frio? Na M. Martan há uns tão baratinhos... Como pode?
Para
nós, o frio não é concreto e não dói, de modo que questionamos se aquele
cobertor velho (tou falando velho, não aos farrapos, certo?) pode servir para
alguém, se alguém vai ter coragem de usar aquela blusa fora de moda que está
enfiada num canto escuro dos nossos armários, se vamos mesmo nos deslocar até o
Shopping Quê para colocar um pacote tão desenxabido dentro da caixa de
coleta...
Questionamos
tanto e, ao mesmo tempo, sentimos tão pouco, que o tempo passa e, de repente, lá
se foi mais um inverno, sem que percebêssemos que o “bem que fazemos, é nosso
advogado em toda parte”, advogado que nos defende, inclusive, de nós mesmos.
Participe
da Campanha do Agasalho 2012. Mais detalhes aqui
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