segunda-feira, 30 de julho de 2012

Campanha do Agasalho


É com muita alegria que torno a escrever para o nosso site querido. Pensei em muitos assuntos (aliás, quero trazer de volta alguns textos, que publiquei no blog antigo do DF Águas Claras), mas gostaria mesmo é de lembrar a todos da nossa Campanha do Agasalho.

No sábado mesmo, voltando pra casa com irmão e namorado, vimos uma família inteira (pai, mãe e dois filhos bem pequenos) revirando o lixo do prédio onde moro.  Eram umas 3 horas da tarde, estávamos voltando do almoço no Fogão Goiano (eiii, vocês conhecem? Fica no Guará e tem uma comida super variada e gostosa, além de um preço muito honesto), de barriguinha cheia, e a cena nos impactou.

O negócio é que, para a maioria dos moradores da cidade (eu, inclusive), a fome é uma abstração, um incômodo ligeiro, a ser resolvido logo ali, na próxima lanchonete. Numa certa vez, num trabalho voluntário que fazia na Rodoviária do Plano, vi uma criança de 6 anos devorar 3 pratos sucessivos de sopa. Naquele momento, entendi um pouquinho o que é a verdadeira fome  sem fim dos desamparados.  Acontece assim com a fome, mas não é diferente com o frio.

Vim de uma terra muito mais fria do que Águas Claras. Acostumei-me, portanto, a frios muito mais intensos, mas nunca me vi diante da situação de não ter no guardarroupa (aliás, já é de si louvável o simples fato de se ter um guardarroupa, pois não?) algo com que me aquecer. Também nunca tive que enfrentar o frio das ruas nas madrugadas.

Acontece que, na nossa lógica classe média, frio e fome são, como disse, abstrações, e incorremos no erro comum da Maria Antonieta que, na França assolada pela Revolução, sugeriu ao populacho  que se virasse com brioches, já que não tinha pão. Ora, como é que alguém pode não ter o que comer hoje à noite? Não trabalharam? Isso é possível, nos tempos dos bolsa-miséria? Como assim, alguém não vai ter um cobertor hoje à noite para se proteger do frio? Na M. Martan há uns tão baratinhos... Como pode?

Para nós, o frio não é concreto e não dói, de modo que questionamos se aquele cobertor velho (tou falando velho, não aos farrapos, certo?) pode servir para alguém, se alguém vai ter coragem de usar aquela blusa fora de moda que está enfiada num canto escuro dos nossos armários, se vamos mesmo nos deslocar até o Shopping Quê para colocar um pacote tão desenxabido dentro da caixa de coleta...

Questionamos tanto e, ao mesmo tempo, sentimos tão pouco, que o tempo passa e, de repente, lá se foi mais um inverno, sem que percebêssemos que o “bem que fazemos, é nosso advogado em toda parte”, advogado que nos defende, inclusive, de nós mesmos.

Participe da Campanha do Agasalho 2012. Mais detalhes aqui

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