sexta-feira, 13 de julho de 2012

F.


A F. foi mãe há 4 meses e já voltou ao batente. Agora, quando chega, é como se chegasse uma unidade panzer: traz o bebê, uma sobrinha “pra vigiar o neném”, carrinho, bolsa do bebê, bolsa com carteira e celulares (sim, ela tem vários, pra aproveitar as promoções, igualzinho a patroa dela deveria fazer, se tivesse juízo), sacola com a papinha  e não sei mais o quê. O marido a traz de carro (ele é autônomo e pode fazer esse transporte – menos mal, não é?) e ela passa o dia se alternando entre a faxina (lá em casa, não é muito difícil, que sou só eu e meu irmão, que ficamos muito pouco em casa) e os cuidados com o bebê.

De manhã, enquanto estou em casa, fico sabendo das novidades. Antigamente, conversávamos sobre nosso passado. Ela é do Piauí, já morou na rua e é muito, muito divertida. Agora, conversamos sobre os avanços da menininha (“Issana, você acredita que ela já tá rolando?”, “Issana, ela tá chatinha, que os dentes estão nascendo” ou “Levei ela ao médico esta semana e ela é pequenininha, mas tá com saúde”).

Além disso, o que mais curto nela é o gosto com que trabalha. Tudo bem que é meio doidinha e já perdeu a chave lá de casa e já me queimou um vestido novinho (choro esse vestido até hoje), mas há algo nela que compensa tudo isso: ela GOSTA  de verdade do que faz. Pra ser bem exata, eu só dei o verdadeiro valor, quando ela tirou licença-maternidade  e outra pessoa veio no lugar, uma pessoa muito gente-boa, mas pensem e reflitam num trabalho malfeito, quer dizer, não era bem uma coisa malfeita, mas era, sei lá, descuidada, sem aquele toque especial, que me faz até rir sozinha, quando chego e percebo que a F. “decidiu” colocar minhas roupas no armário numa ordem diferente ou que colocou a almofada x em cima da cadeira, e não do sofá, pois acha que assim tudo fica mais “combinado”.

Isso sem falar nas primeiras vezes em que ela foi até lá em casa, eu tinha acabado de me mudar, não tinha ainda nem geladeira e ela trouxe ovos da casa dela, pra fazer o meu almoço. Juro que isso aconteceu e eu  almocei “na faixa”, bancada pela minha faxineira (a propósito, ela se recusou a receber pelos tais ovos: “que bobagem, as galinhas lá em casa estão botando que é uma beleza e eu me lembrei de você”).

Acho que sou sortuda. 

2 comentários:

  1. importante valorizar as pessoas que trabalham com gosto, issana. pelo trabalho em si e pela beleza inteireza. acho bonito isso, estar inteiro no que se faz independentemente da tarefa. às vezes me pego estudando com a cabeça no trabalho, no trabalho com a cabeça no pará (=)!), na academia com a cabeça no estudo e clamo por um pouco mais de inteireza, prima....
    beijo p'c!

    ResponderExcluir
  2. Falou tudo, Izabela. Também sinto muito isso, de não estar inteira nas coisas... e já consigo perceber o quanto são bonitas as pessoas que conseguem isso. Enfim, acho que já é um passo, querer... é nesse estágio que me encontro. Obrigada por seus comentários lindos! Bjs

    ResponderExcluir