Chegou às minhas mãos a revista
Veja Brasília, que pretende dar um panorama do que é Brasília, do que há para
fazer , de quem são as pessoas mais interessantes, de quais são os melhores
lugares para comer e beber.
Não vou entrar aqui no mérito da
qualidade do trabalho, mas a revista retrata, de forma fidelíssima, a grande
miopia da Capital, que é a de ignorar solenemente o chamado “Entorno de
Brasília”, antigamente denominado de “cidades-satélite”. Em suma, a revista se
limita a trazer a vida que acontece no Avião, na Maquete, nas Asas e, no
máximo, nos Lagos da vida, ignorando solenemente toda a vida que pulsa em
derredor. O que mais me espanta,
entretanto, não é a opção editorial feita, até porque imagino que deve ser
muito complicado definir mesmo o que vem
a ser Brasília, o que constitui efetivamente a amplitude da “Cidade” e,
dessa forma, apelar para definições “da lei” é bastante confortável. O que me
espanta mesmo é que, para muitas pessoas que convivem comigo, Brasília é MESMO apenas
o glorioso Plano Piloto.
Nestes 7 anos em Brasília, tive
dois endereços no Sudoeste e, agora, estou em Águas Claras. Logo que cheguei,
ficava muito restrita mesmo ao Plano: tudo era resolvido ali entre o Conjunto
Nacional e o Setor Hospitalar Sul. Com o passar do tempo e com as mudanças
inevitáveis da vida, acabei abrindo os horizontes, processo que, evidentemente,
ainda está em curso, mas, desde já, posso dizer: que riqueza, quanta diferença, como há o que
desbravar! Mais que isso, posso afirmar:
quanta pobreza, acreditar que tudo se limita à Brasilha da Fantasia, aos
prédios todos iguais, às avenidas intermináveis, aos monumentos maravilhosos...
Veja bem, não estou dizendo que
tudo isso não tenha lá o seu charme, até porque já me rendi a ele e acho o
máximo transitar por um espaço tão diferente. O que não entendo é quem OPTA por
ficar no limite de uma linha imaginária,
onde, em muita cabeça paranoica, se está a salvo da pobreza e a violência.
Lembro a série Once Upon a Time, em que os moradores de uma cidade fictícia
estão eternamente condenados a viver no território exíguo da cidadela, pois,
assim que colocam o pezinho para fora da linha, perdem todas as suas lembranças
e sua própria identidade. O que não
percebem, enganados pelas facilidades de uma vida medíocre, é que talvez a identidade
plena só se desenvolva para muito além da linha imaginária.
Enfim, faço um apelo aos meus
queridos moradores do Plano que, nascidos e criados por ali, nunca
experimentaram a Feira do Guará, o Parque de Águas Claras, a efervescência de Taguatinga.
Nossa, há tanta coisa por descobrir! Bem, então é isso. Acredite em mim: “as glórias e as caras da cidade” vão muito, muito além do Plano Piloto e de suas adjacências ricas.
excelente post! parabéns
ResponderExcluirObrigada, Albatroz! :)
ResponderExcluirIssana, tudo bem?
ResponderExcluirDemorei de voltar a passar por aqui.
Muitas coisas acontecendo por aqui tbm.
Que bom que voltou.
Olá, Rauulll!!
ResponderExcluirQue bom você de volta por aqui...