Na terça também choveu
muiiiito, mas, dessa vez, em horário menos inglório, ou seja, já estávamos em
Águas Claras, lanchando no Tuza’s, lanchonete que, aliás, recomendo, pois é
coisa muito melhor que esses lanches pasteurizados que a gente vê por aí, nas
grandes redes.
O morador “escolado” da
cidade já descobriu a tal lanchonete, então o movimento de entregas é muito
grande: os motoboys vão e vêm, com seus pacotes e troquinhos de dois reais e
setenta e cinco centavos. Num dia de chuva, então, o movimento deles fica ainda
maior. Na terça, logo que a chuva
começou, as encomendas se intensificaram, e assistimos à mutação que os caras
fizeram, na mesa quase ao lado, transformando-se em guerreiros vestidos de
armaduras negras, prestes a encarar a borrasca (ops, acho que nunca tinha usado
essa palavra!).
Ando meio emotiva
(#dontask), mas me deu uma tristeza, quando vi os pés de um deles, que colocava
as galochas e, no meio do processo, deixou à vista umas meias puídas, mas bem
limpinhas. Gente, eram as meias de um trabalhador, de quem se arrumou
direitinho, pra fazer suas entregas, uma coisa super assim “é gente humilde...
que vontade de chorar...”.
Temos pouca noção do
esforço que as pessoas fazem para nos servir, essa legião de homens e mulheres
invisíveis, que fazem nossa comida, limpam as nossas privadas e entregam nossos
lanches, nas noites chuvosas. Acho que, se desenvolvêssemos de forma mais ampla
essa noção, o mundo seria menos frio, até porque relutaríamos um pouquinho mais
em reclamar que “esqueceram de colocar o catchup que eu pedi e isso é um
absurdo e eu nunca mais vou comprar ali”.
É, dona Issana, é a falta da tão elegante empatia. Claro que alguns trabalhadores fazem o serviço com má vontade, e ficamos indignados por estar pagando pelo serviço e ser mal atendidos, mas não são a maioria que agem assim. Eu faço questão de agradecer as pessoas, até na hora que peço uma informação e a pessoa me diz que não sabe, eu agradeço pelos segundos que dispensou para prestar atenção à minha pergunta. O mundo seria bem melhor se todos olhassem diferente pra esses pequenos detalhes.
ResponderExcluirExcelente texto!
Acho que você está super certo... como diria o "poeta da vida", gentileza gera gentileza...
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