terça-feira, 19 de abril de 2011

Uma questão mecânica

Oficinas são chatas.

Não quero ser machista, perpetuar uma cultura de segregação de espaços (mulheres na cozinha, homens nas oficinas). Vocês  me conhecem e sabem que sou gente-que-faz, que sei muito bem gerenciar minha vida, inclusive em aspectos classicamente atribuídos aos machos-alfa: pago minhas contas, sei defender meus direitos com uma boa dose de assertividade, enfim, passo longe de uma desamparada e acredito que homens e mulheres têm mesmo poucas diferenças, além daquela bem conhecida por todos nós. Na verdade, somos todos espíritos em viagem, com nossas conquistas e nossas fragilidades, de modo que perpetuar clichês e estereótipos é um desserviço a que não me proponho. Afinal, há mulheres que gostam de oficinas e há homens (hetéro, inclusive!) que gostam de moda.

Todo esse blablablá posto, oficinas são chatas, e não digo isso porque sou mulher, mas porque simplesmente, sei lá, não vim com o chip "supermáquinas, ativar". Sabe, costumo ser uma pessoa do tipo, digamos, interessada. Só pra dar um exemplo: fui ver o Zé Colmeia com meus sobrinhos e, nossa, que coisa chaaata e demoraaada. Pois bem, mesmo assim, me distraí olhando as emoções passando pelo rostinho do João (alguém estava aproveitando, pois não?). Consigo fazer isso até em fila de espera médica, em que fico ouvindo a conversa alheia (que culpa tenho, se falam tão alto?) ou no metrô lotado (dia desses, entrou uma menina bem novinha com um sovaco super cabeludo e eu fiquei imaginando se isso é uma moda nova etc).

Enfim, divirto-me nos lugares mais inusitados, mas oficinas mecânicas conseguem em mim o efeito dementador (leiam Harry Potter ou googlem, que já estou fugindo demais do assunto neste post).  Todos os meus sentidos ficam desorientados, "chateados". Não consigo me interessar pelo que vejo (peças e mais peças obscuras, carros arreganhados, mecânicos futucando com uma chave enigmática etc). Detesto o que ouço (acelerações vrruuuuuuuumm-vrooooommm-este-carro-vrrummmmmmmm-vrooommmm-tá-fodido, marteladas variadas...). O cheiro é uma droga (droga mesmo, é bem capaz de sair de lá meio dopada, aquele odorzinho de óleo e cecê). O pior de tudo, para quem tem carro velho, é saber que, mesmo depois de toda essa experiência desagradável,  se vai sair dali alguns (muitos) reais mais pobre.

Nesta onde fomos hoje (Alex Injection), pelo menos eles têm uma saleta de espera, que diminui um pouco a sensação de "o que é que eu tou fazendo aqui?" ou "parem o ônibus que eu quero descer!", mas nem assim posso deixar de dizer: oficinas são chatas. Absurdamente chatas.

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