segunda-feira, 18 de abril de 2011

Tricô no metrô

Metrô é todo um universo. Hoje peguei para ir ao shopping (uma das "curtições" de férias é exatamente  dar um tempo no trânsito caótico), junto com a família, em horário alternativo, para não pegar o rush e o efeito-sardinha.

Meus pais idosos foram conosco e a reação dos "jovens" sentados nas vagas reservadas é sempre um índice fantástico do berço de onde vieram. Há os que fingem dormir. Os que olham para o vazio. Os que se levantam como molinhas, solícitos. O mundo é mesmo vasto e, no metrô, cada um sabe a dor e a delícia de ser quem é. No fim, meus pais foram e voltaram sentadinhos, mas sempre com uma certa dose de espera e desconforto. Os modelos-molinha são raros.

Citei aí o ar de vazio, voltado especificamente para a situação "que-saco-estes-velhos-que-entraram-justo-agora-e-eu-vou-ter-que-levantar", mas devo admitir que é um ar meio disseminado, reação parecida com a que temos nos elevadores. Afinal, somos todos estranhos uns aos outros, mas compartilhamos um espaço restrito, verdadeiras sardinhas pós-modernas. Há entre nós uma proximidade que pretendemos não seja familiar, de modo que ativamos o olhar vazio e o caprichamos no desejo de nos tornar invisíveis.

Na volta para casa, entretanto, houve alguma falha na matrix e engatamos um papo animado, eu e outras 2 mulheres, em volta de um dos "postes de alumínio" (como chamarei aquele cilindro em que nos apoiamos? Poleiro?). Falamos da Feira do Guará (já foi o tempo), dos peixes que estão baratos no Extra (dica de uma das coleguinhas), das pessoas que ouvem música alta nos ônibus, das pessoas que falam ao celular dentro do metrô, das pessoas que adoram assistir uma desgraça e de pessoas sem noção em geral, dentre as quais não nos incluímos, obviamente. Isso tudo, entre a estação Feira e a Águas Claras. A conversa estava tão boa que eu falei "ai, minha estação é a próxima, pelamordedeus, me conta o fim dessa história!" para uma delas, que narrava o dia em que fizeram um refém perto do serviço dela,  o prédio ficou "lacrado" e todas as pessoas foram revistadas.

Aos que andam de metrô, #ficaadica: engate uma conversa com seu colega de metrô. De repente, você descobre, olhe só a surpresa, que a pessoa que está ao seu lado é... gente. Isso se não levar um belo de um fora, mas aí o problema já não é meu...  

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