terça-feira, 16 de julho de 2013

Nem pra remédio

Estava doida para voltar a este espaço, mas a vida cobra o seu preço. Não vou entrar em detalhes, mas o fato é que minha querida filha nasceu prematurinha e tivemos que pagar um pedágio de 55 dias no Hospital Santa Lúcia. Imagine então o quão distante andei  das angústias (e alegrias, por que não?) do viver em Águas Claras. Agora, já há um mês em casa, com a rotina já estabelecida, voltei a me ocupar, nos exíguos minutinhos de folga entre mamadas, banhos e trocas de fralda, com e-mails de trabalho e blogs queridos.

Para ser bem exata, devo dizer que,  no caso do Em Águas Claras, a vontade de escrever surgiu a reboque daquele sentimento de indignação e perplexidade,  tão comum ao morador daqui, quando se vê diante da necessidade de usar algum aparelho público, algum sistema de apoio ao cidadão.  Precisei  levar a filha para vacinar e, adivinhem só, despencamos para Taguatinga, depois de calcular se o Guará não seria mais perto. Águas Claras não tem sequer UM POSTO de saúde. Com o perdão do trocadilho infame, não tem posto de saúde nem pra remédio. Fico impressionada com isso, pois vim de uma pequena cidade do interior mineiro, que tem menos de 60 mil habitantes, mas tem um posto de saúde em cada bairro. Pode isso, Arnaldo? Pode uma cidade do tamanho de Águas  Claras não dispor de um ÚNICO posto de saúde? Qual é a lógica (ou a ilógica) por trás dessa escolha (ou desse descaso) governamental? O que pensam os administradores e os que possuem a caneta (veja hoje, no Globo Repórter)? Classe média não precisa de creche nem de posto? Não precisa de praça nem de árvore? Meus sais, a gente precisa sim, e é isso que dimensiona nossa dignidade cidadã, de bons moços pagadores de impostos!

Em Taguatinga, fomos super bem atendidos pela equipe de saúde do posto e eu fiquei com uma invejinha danada da mãe que pode colocar o filhote num carrinho e ir,  pimpona e saltitante, vacinar o filho, com toda tranquilidade do mundo. Entre nós, moradores de Águas, essa vacinação, entretanto, exige tirar o carro da garagem, enfrentar trânsito, organizar a vida para viajar pela EPTG, por quilômetros a fio, que a unidade de saúde mais próxima não é assim, digamos, tão próxima...

E sabe o que é pior? Não tenho a  mínima esperança de que esse quadro se modifique, pois não somos REPRESENTADOS por ninguém, mas atendidos por uma burocracia morosa e insatisfatória. É numa hora dessas (e em tantas outras, como naquela em que um leitor envia denúncia da descaracterização que está sendo feita na praça Sabiá) que entendemos o poder da democracia que, como se sabe, é a pior forma de governo, salvo  todas as demais.  No momento, nossa realidade está no campo do “demais”: é indiferença demais, é imobilização demais, é desrespeito demais.


Um dia, quem sabe, a gota d’água chega e a gente desce junto a Castanheiras. Enquanto isso, apoiemo-nos na solução individual, que é a única que sabemos articular. Afinal, ainda bem que temos carro, não é mesmo? Isso nos serve,  pelo menos por enquanto, até que os buracos  nas ruas malcuidadas nos imobilizem de vez. 

2 comentários:

  1. um ABSURDO águas claras não ter posto de saúde. tantos shoppings, tanto tudo, e falta realmente necessário.

    um ABSURDO de bom é saber que vcs estão todos em casa, todos bem. ABSURDO de bom é abrir o blog e ver que vc voltou a escrever.

    que bom.

    beijosdebomdia, prima!

    iza =)

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  2. Você é um ABSURDO de delicadeza! Beijosmil :)

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