terça-feira, 25 de outubro de 2011

No metrô II

Noutro dia, sentei-me num dos indefectíveis bancos azuis, preferenciais para idosos, gestantes e deficientes. É claro que Murphy também viaja de metrô e, já na estação seguinte, uma senhora entrou e me levantei, que sou fina, jovem e fofa.  
Talvez por toda essa minha gostosura, ela me adotou. Assim que me instalei ao lado, ofereceu-se para carregar minha bolsa. Agradeci muito, pois só quem carrega uma bolsa feminina pode entender o que significa ter nos ombros  o peso do mundo inteiro. 
Numa das estações, uma outra moça se levantou e eu já fiquei de olho na vaga, mas a velhinha, nossa, ela tinha MESMO me adotado e ficou falando, quase aos gritos:
-Ali, pega ali, tem um banco vago, senta ali.
Acontece que o trem estava freando e eu, entre pegar o banco e me esborrachar, ou esperar o freio e perder a vaga, preferi a segunda opção que, obviamente, foi a que ocorreu (Murphy viaja conosco, certo?). Além da sensação deliciosa de ter sido passada para trás (a luta pra ir sentado num lugar desses é praticamente uma seleção das espécies), ainda tive que enfrentar os olhos reprovadores da senhora, que quase berra um “sua lerda, era pra correr logo!!!”, mas que também era fina e só disse, frustrada:
- Viu? Você demorou e ela sentou no “seu” lugar!!
Por sorte, um outro banco também tinha ficado vazio, e eu e a velhinha, minha mãe adotiva do metrô,  pudemos seguir viagem, sentadinhas e aliviadas.

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