quarta-feira, 6 de junho de 2012

Senhores proprietários


Assim que o rejeitado se retirou, eis que surge o nosso personagem querido, a partir de agora denominado O Síndico, que, depois de diversos comentários sobre o tempo e o vento, perguntou se haveria problemas em “fazer um barulhinho, pra ajeitar os fios dela, a TV”. O  tal aparelho parece ser assim uma espécie de viaduto do síndico, obrinha querida, que dá orgulho e visibilidade e eu não tive alternativa, a não ser deixar que a furadeira arrebentasse todas as possibilidades de ler minha querida revista inútil.

Logo mais dois colegas de academia dão as caras, em plena segunda às 10 da manhã. Além do inusitado da cena em si (4 adultos "em casa", em pleno horário comercial), coincide que, além disso, também somos senhores-proprietários-classe-média, legítimos pagadores de taxas condominiais, de modo que, inevitavelmente, a conversa logo descamba e vira uma espécie de reunião informal do condomínio.  Fico sabendo então  que  lâmpadas têm queimado sem parar e infiltrações são terríveis e graças a Deus que não temos isso no prédio. Descubro também  que vão transformar o salão de festa em “espaço gourmet”, ou seja,  vão modernizar o lugar e  colocar  uns sofás    mais uma TV (viadutinhos do coração!) e que tudo isso significa uma taxa extra que vai durar quase toda a eternidade.

Fiquei quieta, só ouvindo, agradecendo a Deus por haver pessoas que decidem por mim, mas também me perguntando por que cargas d’água sou tão irresponsável e deixo nas mãos dos outros um tipo de decisão tão importante. 

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